Gato Bravo - Espécie protegida e em vias de extinção

O gato-bravo europeu é semelhante ao gato-doméstico, distinguindo-se deste pela sua estatura, em geral, superior, robustez dos membros, coloração e comprimento da pelagem, cauda cilíndrica, espessa e truncada na extremidade. A coloração da pelagem é variável podendo distinguir-se três tipos: cinzenta, castanho claro ou, mais raramente, melânica. Possui uma ou mais bandas dorsais negras de extensão variável; cauda com anéis pretos normalmente completos em número variável; quatro ou cinco riscas negras na cabeça e duas outras grosseiramente paralelas de cada lado da face. A pelagem dos flancos apresenta um desenho riscado ou manchas negras muito imprecisas e frequentemente ausentes. Mento e garganta créme. Almofada do nariz cor-de-rosa circundada de negro. Vibrissas brancas. Patas beje-acinzentado na parte superior e negro na parte inferior, sendo percorridas, externamente, por raios. Podem existir ou não pequenas manchas brancas entre as patas dianteiras e na região inguinal (manchas brancas extensas no pescoço e no tórax serão características apresentadas por animais híbridos). Os machos pesam em média 5 Kg e as fêmeas 3.5 Kg. No entanto autores registaram variações sazonais no peso de até 2.5 Kg. Fórmula dentária: 3.1.3.1 / 3.1.2.1. O comprimento total do corpo e cauda é entre 60 e 110 cm e a altura ao garrote varia entre 35 e 40 cm. A longevidade máxima registada em gato-bravo foi de 15 anos mas estudos revelam uma elevada mortalidade por causas humanas como por exemplo caça ilegal e atropelamento.
O gato-bravo está associado, em especial no sul da Europa, a matagais mediterrânicos, florestas e bosques caducifólios ou mistos e, marginalmente, a florestas de coníferas. As zonas rochosas parecem ser um micro-habitat preferido. Em geral, as regiões ocupadas por gatos bravos caracterizam-se por densidade humana reduzida. As áreas de agricultura intensiva parecem ser evitadas. Estudos locais sobre a selecção do habitat desta espécie, inclusivamente em Portugal, revelaram preferência por bosques associados às linhas de água e uma elevada frequência de pinhais que parecem ser bons locais de repouso. Os prados parecem estar associados à actividade nocturna, possivelmente de caça de micromamíferos e coelhos.

O gato-bravo não parece ser uma espécie especialista, apresentando variações regionais na sua dieta. Os roedores parecem ser a base da sua dieta na área geral de ocorrência; no entanto o coelho-bravo surge por vezes como a principal presa, enquanto que as aves parecem ser de importância secundária. Estudos locais em Portugal indicaram também os roedores e os lagomorfos como as principais presas, tendo-se registado ainda a presença ocasional de reptéis e insectos e mais raramente artiodáctilos (corço, javali e gado), o que pode indiciar necrofagia.

A maturidade sexual dos gatos bravos é de 10-12 meses nas fêmeas e 9-10 meses nos machos. A época de acasalamento é no Inverno, entre Janeiro e Março; em Portugal talvez se inicie mais cedo, tal como os nascimentos das crias, referidos, na sua maioria, para Maio. O tempo de gestação é de 63 a 68 dias. As crias ficam com a mãe até aos 4-5 meses mas podem não se tornar independentes até aos 10 meses. Os machos podem ser sexualmente activos de Dezembro a Julho mas as fêmeas só excepcionalmente podem ter duas ninhadas num ano. O nº de crias por ninhada é de duas a quatro, geralmente duas.

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